domingo, 15 de junho de 2008

Muito barulho por nada

Nosso alimento
escrito
pintado
no muro
parede
papel
tela
lona

forma a teia
estica o fio
traz pra perto
afasta
corta

o alimentar-se
sem saliva
com palavras
sem som
e imagens
sem tinta
instiga
intriga
intimida

traz alegria
paranóia
susto
pressa
calma

traz a paz do trabalho realizado
a sensação de algo por fazer
inconcluso
inacabado
inoperante
só terminado
quando retro-alimentado

Alimentar-se de luz?
"_Filha, disse-me Deus, eu só como palavras..."
eu as descomo, arranjo, reordeno,
(brinco de Verbo fazer-se carne)
podem ser doces, atraentes,
fel, bile e sangue

Ao fundo,
a Morte,
espia
divertida
quem se afoga

num copo com água...

O processo criativo é um tema recorrente.
Às vezes colorido, outras, dolorido.
Em meio virtual fica ainda mais interessante...
Muito barulho por nada é uma peça de Shakespeare.
A frase citada entre aspas é de um poema de Adélia Prado,
no livro Oráculos de Maio.

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