quinta-feira, 24 de março de 2011

Dança


Sentido não há
no existir
portanto
buscamos sentido
em tudo o que vemos
tocamos, sentimos,
fazemos...
Sentido não há
não faz sentido:
viver, morrer,
existirem galhos, pedras
amebas e mosquitos
e no entanto, seguimos
O sangue bombeia
a mente não dá trégua
meditamos a pulso
tentando pacificar
o turbilhão
Inventamos redes, rodas,
molduras, escadas
e outros meros objetos
que nos distraem da morte
prosseguimos
Viajamos para nos distrair
levando a lembrança
de nós mesmos
e não descansamos
Enfiamos contas num cordel
somando ganhos, descontando perdas
mas o fio acaba...
Num lance de dados
ou na escadaria,
no atropelamento,
de dia, no jantar,
no barco, na marquise,
acaba simplesmente
Apesar dos filhos,
das árvores e dos livros.