quarta-feira, 30 de julho de 2008

Sangra, mas não morre...



O sangue
vermelho
indica:
Atenção!

A pausa
necessária,
recolhimento:
Menstruação

A Tenda
da Lua:
amigas,
segredos

O chá quente
de ervas
resguardo,
espera

O sangue
é ouro,
fertilidade,
doação

Origem
da espécie,
cálice,
comunhão

Sua bênção
feminina,
diabólica,
divina

Graça
que gera,
ninho
que espera

Maná
que habita
um corpo:
ciclo

Rito,
desdobramento,
dualidade,
missão

Verdade
inegável,
nasceste
mulher.

Em algumas culturas, o período menstrual é considerado sagrado.
O livro "Seu sangue é ouro", de Laura Owen, conta porque. A primeira edição, pela Editora Rosa dos Tempos, é de 1994.


She bleeds, but don't die

The red
blood says:
_Pay attention!

The necessary rest,
to stay alone,
Menstruation

The Lunar
Tent:
friends,
secrets

A cup of hot
herb's tea
to protect herself
and wait

The blood
is gold,
fertility,
donation

Race's
origin,
chalice,
communion

It's bless,
it's feminin,
diabolic,
divine

Grace
that create
Nest
that wait

Manah
that lives
in a body:
cycle

Ritual,
multiplication,
duality,
mission

Incontestable
the truth,
you born
as a woman.

Some cultures consider the menstrual period as a sacred time. The book "Your blood is gold", writted by Laura Owen, tells why.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Ciranda



Nosso povo
de fé
faz milagre

Canta a dor
estende a mão
dança junto

A existência
fica mais leve
no cirandar

O trabalho
menos pesado
se ritmar

Quando a mágoa
espreme o peito
ainda há canção

E se a alegria
volta mais cedo
um bom baião

De dois,
é bom demais...
_Bora brincar!

A foto é de Marisa Quintal. O espetáculo, Trama, deixou saudade.

Our people,
faithfull
makes miracles

They sing the pain
hand in hand
and dance along

The existence
turns too soft
at circular dancing

The work
don't seems so heavy
if rhythm comes in

When the pain
is in their heart
There's still a song

And if joy
returns soon
we dance the 'baião'

Two of us
it's very good...
Come on and play along!

Marisa Quintal took the picture, from the espectacle called "Trama".
"Baião" is a popular brazilian rhythm.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Maluca



A gente finge
que não sabe
que não vê

A gente sonha
que é outro
ou que é você

A gente esquece
a chave
o carro
a tv

A gente espalha
que vai fazer
e acontecer

Publica tudo
sem ter medo
de dizer

A gente acorda
e não lembra
o que sonhou

A gente improvisa
não faz
o que planejou

Mas dá risada
quando vê
que funcionou!


Às vezes, tudo de que precisamos é rir de nós mesmos...
A geladeira é uma Brastemp, o stencil foi feito pelo Cauê e mostra a Twiggy, primeira modelo magrela na passarela.


We pretend
that we don't know
that we don't see

We dream
that we are other
I'm you, not me

We forget
the key
the car
the tv

We talk to everyone
that we wil do
what we need

We publish everything
without feeling
any fear

We wake up
and don't remember
what we dreamed

We improvise
and don't do
what we planned

But we smile
When we see
that it just worked!


Sometimes we just need to laugh of ourselves...
The Brastemp refrigerator was painting with stencils cutted by Cauê. The image shows Twiggy, 60's thin top model.

sábado, 19 de julho de 2008

Cândido



Não abotoaram

nem terno, nem paletó
mas choraram,
carpideiras
o destino
de um


Vô Candinho me mostrou em sonho, como é bela a tempestade. Iansã presente.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Instrumento


Que voz é essa?
Que silencia as professoras tagarelas
E afina o coral dos pequenos
colocando o ar lá
onde deve mesmo sair...

Que levanta véus e véus de saudade
e desata a lágrima agridoce
Que brinca consigo mesma,
tiziu pulando em pautas de cantarolar

Que adormece a criança cansada
com o mesmo tom grave da terra
Que reverbera, límpido instrumento
enchendo o ar com mais ar

Que cabe em l'amour e sinhá
_ Vai cantar mais,não?

Renato Braz é um intérprete de primeira. Seu repertório é brasileiro e já o levou para o outro lado do mundo. Expressa sua origem no que escolhe para cantar. Adoro sua voz . Suas vozes...


segunda-feira, 14 de julho de 2008

Ainda Alice


A menina não mora mais
no lar que a rejeitou
Foi habitar o ar
voou pra longe

A criança descalça
e de cabelos revoltos
deixou a casa
em paz

A rebelde
continua pulsando
incomodando
em anjo travestida

Que fim a espera?
Qual o final da história?
Em que país de maravilhas
terá lugar?

O deserto pode ser gelado
um coração pode ser deserto
areia pode ser cinza
água pode queimar

Força, coragem
Luta e poder
Crueldade, dor
emanam de imagens

O que libertamos
com o que imaginamos?
Que cordas
reverberam no outro?

Buscamos na arte
voar também
bem alto
como a menina

A pintura Alice foi destruída, sua imagem e texto, retirados do blog. Reapareceu na memória da camera fotográfica. Ainda posando pra foto.

domingo, 13 de julho de 2008

Mosaico

pedaço por pedaço
cerâmica
ca
co
esp
elho

a não-força
pensamento
mantra
quebra

a criança
inteligência
palavra

colorido
o conjunto
celebramos

concentração
faz o duradouro

A doação de cada um resulta num trabalho que se consagra ao espaço de todos.
Pra Nazaré Bottana, pessoa-luz que nos doa mais que ensinamento.
Aos minutos preciosos de cada dia, caquinhos que somados, criam mundos.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Quando

Revelação
se dá
quando
no silêncio
grita
muda
uma Verdade

Poesia
se dá
quando
aparece
ilesa e nua
a carne
da Palavra

Canção
se dá
quando
a ousadia
rompe o ar
vibrando Som

Gorjeio
se dá
quando
distraído
o Pássaro
assovia

Anseio
se dá
quando
o murmúrio
cego
cambaleia

Desejo
se dá
quando
não cabe
no corpo
essa Vontade

Amor
se dá
quando
a Morte
não faz mais
que companhia

Fatalidade
se dá
quando
o inevitável
atropela o Tempo

Sonho
se dá
sempre
que se permite
o Possível
A aquarela mostra um guerreiro, com a pintura tradicional do seu povo, que vai do rosto até os pés. Nos ritos de passagem, u
tilizavam garras de onça para a escarificação e jenipapo, para colorir e cicatrizar. Realizá-la foi uma jornada de introspecção e de diálogo com a água. Está no livro "O Sinal do Pajé", da Editora Peirópolis.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Paralisia


Tudo iniciado
Nada
terminado

Às vezes a vida

traz esta sensação:

imobilidade

Tudo em nós

nada fora

ou vice-versa


Faltam

perspectiva

iniciativa

solução


Sobram

idéias
sons

palavras


A ação

sem direcionamento

esgota


O cansaço

frustra

Tudo se dá
muito devagar


Falta só

decidir
abrir

Eis a questão!

domingo, 6 de julho de 2008

Mãe


Dói um pouquinho
deita um pedacinho
chora um bocadinho

vida mais ou menos
sonho grande, imenso
vôo ensaiado

mão atarefada
pé descalço, farpa
corpo em movimento

perfume, brisa, tempo
pluma, céu, desejo
doce encantamento

rodamoinho
flor, passarinho
colo quentinho

saudade...

Pra Valéria Marchesoni, que é mulher, mãe e sente saudade.

sábado, 5 de julho de 2008

Novo


"Vamos começar, colocando um ponto final.
Pelo menos já é um sinal
de que tudo na vida tem fim."

A leveza inspira
O ar volta, tranqüilo
O sorriso pede passagem,
em meio ao dia.

Benefício trazido pela organização,
o trabalho concluído,
o descanso merecido.

O ponto final,
para novos inícios
Nova semana,
nova vida.

A casa,
o alimento quente,
para "hambre de alma",
solidez.

Gira a roda da vida,
tudo retorna ao início
e recomeça
a lida diária

O segredo que faz:
"o pobre viver feliz e o rico, intranqüilo"
está gravado em língua morta,
num anel perdido:
"IAZU, IAZU, IAZU..."
(Tudo passa, tudo passa, tudo passa...)

O texto inicial é a primeira estrofe da música "Tudo novo de novo", do Moska.
Iazu é um conto persa, quem contou foi Stela Barbieri, a Stelinha, guardiã de muitas histórias.