domingo, 7 de setembro de 2008

Depoimento


Quem é o cavaleiro que vem lá de Aruanda?

Atendeste bem cedo ao chamado da ancestralidade

Já era escolhido, já ouvia

O que outros não

Voz doce, voz mãe, voz brejeira

Foi temperando pela vida afora

Ouvindo rádio

Deu peso e cor, experimentou, tocou, tocou...


Ainda se diverte feito menino

Quando arrebenta corda de violão

E consegue trocar enquanto canta

Fica intrigado quando faz chorar (e sempre faz)

Aos homens e mulheres


Tem saudade das ruas de terra

Terras distantes

Saudades de sei lá.

É índio

É preto

É sinhozinho e não é.


Tem proteção, viu, menino?

N.Sra. do Rosário dos Homens Pretos,

São Benedito, Santo Antoninho,

Santos do candomblé,

Nhanderu, Tupã, Ceuci,

Encantados da floresta,

Clã dos Pássaros,

Todos Erês,

Cosme, Damião, Doun

E Espíritos guardiães.


A voz

Cuida dela

É a chave.

Agradece

A graça, o presente, o benefício

De ser luz para muita escuridão

E usa a escuridão que há

Porque tudo vibra

Tudo gera (Eh, Minas!)

Sê feliz!


Este depoimento, escrito faz tempo para o pai do Antonio, chegou até ele no momento certo e nos tornou amigos. A fala da alma é sempre verdadeira.


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