Em meio ao murundu de coisas
no universo colorido do brechó
um pacotinho plástico
cheio de papeizinhos
cartões postais e santinhos
(não de políticos, santos mesmo!)
Peguei, não resisti, comprei
Abri em casa, curiosa,
Dezenas de cartões postais,
sem escrita e sem selo
de vários locais, as fotos antigas...
Mas o tesouro, as figurinhas
de santo, adivinha quem?
Nossa Senhora do Rosário
e São Benedito, os principais
repetidos, em várias ilustrações
anos de festas das Irmandades,
de novena e devoção sem fim
Santo e santa dos escravos,
padroeiros da gente "de cor"
Mais uns outros, variados:
Nossa Senhora da Conceição Aparecida,
a do Carmo e a de Fátima,
o Expedito nunca falta,
Menino Jesus, Sant'Antoninho,
rezas, pedidos, novenas,
pela chaga no ombro do Cristo...
em textos que voltam no tempo
até onde eu não era nascida
E junto com todos os santos
Acompanhando São Dito
e a Senhora do Rusarinho,
de braço dado co'eles dois
a maior riqueza,
a maior vergonha,
a dor da Escrava Anastácia...