quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Verão


Solto as tranças
e a mãe vem lavar
o cabelo comprido
sem pressa

Sentadas ao sol
ela desembaraça
e cantarola
uma velha canção

Tudo está bem
a mão percorre os fios
rapidamente:
novas tranças

Calor do sol,
do corpo da mãe
das mãos
no gesto ancestral

Avó, bisavó,
as índias e as negras
herança
discreta vaidade

Uma vez ouvi, comovida
a poeta recitar
A voz falhou
no poema da mãe

Rapidamente secou a lágrima
e recusou num gesto as palmas
_Vim de Divinópolis, pra dar vexame em São Paulo!

Respirou fundo
e recomeçou
desta vez até o fim.

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