quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Modo de espera

"Estou pousado em mim
Igual que formiga
sem rumo."

Só mesmo o poeta
poderia definir assim
só mesmo o homem-terra
que vê nas águas refletido o céu
que enxerga nas minúcias
o que atropelamos

O inseto mais diligente, perdido
pode outra imagem ser tão precisa?
A angústia de ensimesmar-se
Estar em si, desencontrado do entorno
Estar além, desencontrado de si

Cada vez mais acredito
na observação como origem
das mais belas obras
A observação atenta e minuciosa,
o olhar poético, encantado, encantador,
sobre a natureza,
simples,
misteriosa,
absoluta

A natureza da qual, esquecemos,
fazemos parte
Como fazem parte do corpo
a cabeça
e o coração.

" A normalidade é assombrosa.
Sua puerícia é mesmo carne de poesia."

As citações são de Manoel de Barros e Adélia Prado, respectivamente, nas obras: Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo e Manuscritos de Felipa. Hoje estou formiga.


2 comentários:

Letrista disse...

"Estou pousado em mim
Igual que formiga
sem rumo."

Faço minhas as palavras do poeta!
Macka

Terapeuta disse...

Nas andanças pela net, encontrei um curta metragem que penso vai te agradar: http://www.portacurtas.com.br/pop_160.asp?cod=8679&Exib=1

São brincadeiras de um tempo que corre paralelo ao nosso e não se contamina, exceto pela "tesoura".

Macka