Definitivamente.
Dilacerado, ainda sangrando, finge.
Risonho e franco, ensolarado, finge.
Embriagado de sua importância, finge...
Perdido no tiroteio, ainda assim,
com pompa e circunstância,
finge que está só de passagem,
nas mãos o caderno de anotações.
A linha que divide o real do imaginário,
o mundo paralelo, onde reina,
é tão tênue quanto a máscara
que insiste em portar.
O poeta não engana ninguém,
a não ser a si próprio,
com seu paletó invisível
que só alguns podem ver...
Com a flor na lapela inexistente,
espalha seu perfume por aí,
indiferente aos cáusticos
e aos sonolentos.
Seu delírio é tamanho,
que Vê.
Finge tão completamente,
que chega a pensar que é dor,
a dor que deveras, sente.
A citação é de Carlos Drummond de Andrade, para quem uma pedra não é só uma pedra.
O Rei está nu é um conto inspirador.
Arthur Bispo do Rosário criou sobre a dor, o desprezo e a ignorância, uma roupa pra ver Deus.
2 comentários:
Quero saber quando é que essa beleza de escritura vira livro, viu?
Senti sua falta na contação...foi especial...
Grande beijo, minha poeta!
Dedé, livro ainda não sei, mas tem poemas que já estão voando por aí! Depois te conto!
As crianças falaram mais alto, mas estive com você, é claro, enquanto caía a noite...
Beijão
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