É normal que as coisas saiam do controle
É normal, tento me convencer, que as coisas saiam do controle
Senão o que explicaria
a peça no forno entortar
a agulha furar o dedo
o bolo desandar...
Todas as pequeninas coisas
que parecem ter vida própria
(artes do fogo, do ar...)
lembram a fantasia infantil:
_Quando a gente está dormindo, tudo conversa,
tudo se move e brinca e dá risada,
o fogão, os brinquedos, as xícaras e a prateleira.
Pessoinhas saem dos livros e passeiam pela casa,
que nem naquele filme do museu, sabe?
Dito assim, parecem artes noturnas (coisa de Saci)
sumirem agulhas, dedais,
mudarem-se os livros das estantes
e pra debaixo da cama ir parar
o anel que tu me destes.
Escapam do frágil controle que fingimos ter
as auroras, os vendavais,
as teias prateadas das aranhas
e a lua nova que teima em brilhar
trazendo a música que invade os dormitórios.
Como controlar
a mão do poeta que procura um verso
a voz de mulher, que é capaz de criar mundos no mundo,
o alarido dos amigos que se encontram?
Que bom que as coisas saem do controle,
ainda bem!
A expressão em itálico refere-se a canção "Livros", de Caetano Veloso.
O bordado mágico da foto foi feito pela Trudy, índia colombiana com nome alemão!
5 comentários:
Palavras encantadas...esse deve ser o nome do seu livro de poesia, que demorou pra sair, segundo eu penso.
Todinho bordado a mão, lindo demais, poesia decerto.
Amo!
Beijo
Vamos alimentar este sonho até ele subir que nem balão de gás, tão alto que chova poesia... acho que tá quase...
Beijo, querida amiga encantada!
ai deu sódade! bjos bjos
Beijos, beijos... matamos a saudade no domingo, combinado, cumadi?
Olha, se tiver saindo livro do forno, me avise que vou buscar um. Autografado.
Macka
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