As vezes sinto a chibata
Ela vem de onde menos se espera
Da língua ferina – o sarcasmo, o escárnio
Dos lugares ocultos, em hora errada
E a vista de todos, na cidade
As vezes sou a chibata
Que zune e fere o outro
A chibata fere a carne
Dor de ser, sem confirmação
A dor de construir humano em mim, refletida no olho do outro
Estranheza, solidão, de perto
Sou desse jeito, nem pra mais, nem menos
Vital, sanguínea, animal
Devoro a presa, enterro os ossos
Lambo os beiços, koitxanaré...
Não dou o que não tenho
honro minha jornada
e morro pelo que acredito
Entendo educação de outra maneira
Na essência do viver
não pego carona
Só sei, se vivo.
Pé de moleque, amendoim, paçoca
Doces feitos do machucar, pisar no pilão
Ambrosia, doce do talhar o leite com laranja,
Estragar, quebrar, tirar o cerne, desgrudar
Ferver, fogo baixo, tempo que baste
Assim seja:
Vaidades vãs, quebrantai!
Discursos ocos, fervei até concentrar!
É o doce milagre dos restos, o que trago
E o banquete está servido,
Tenho nódoa na alma
Ainda assim me levanto
Todos os dias,
junto o arco, a flecha,
a colher de pau
a chave do carro
E dirijo, sem permissão,
ao terreno do meu embate
E falo até a voz sumir, e danço
E conto as históri
as de minha gente
Cultura é pra mode curar!
as de minha gente
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