domingo, 25 de abril de 2010

Pâo e poesia



Vaidade de vaidades, tudo é vaidade...

Me disseram que blog é vaidade

Deve ser...
Nestes tempos de pouco pão
e mais minguada poesia
a procura recorrente é por
interlocução
Inteligente, se possível...
Silenciosa, mas doce.
Volto aqui depois de tempos
contando sobre o quintal,
a casa, de novo...
Nossa casinha amarela
que nem bolo de fubá
está quase pronta.
Já tem recebido visitantes:
beija-flores, rosas,
gafanhotos verdes,
que os índios chamam tucuruvi
e a gata branca, manhosa
que requer atenção constante
e adora um cafuné.
Vela acesa na janela,
flor no vaso,
pão na mesa, quentinho.
O Espírito Santo de papel machê,
a Iemanjá cercada de frô,
mosaicos de caquinho
e duas cadeiras, ainda por terminar...
Família, âncora da gente.
Visita do pai, constante,
que vem vigiar a obra
trazendo suas ferramentas e
tapando todos os buraquinhos.
Visita da mãe, severa,
de olho em cada cantinho,
querendo organizar a vida
de gente tão desorganizada!
A confusão de pedreiro e pintor,
gente que de vez em quando some
e quando aparece, trabalha.
Os filhos, o amor,
encontrando seu espaço na confusão.
O amor fazendo seu espaço.
As formigas, joaninhas,
as folhas no quintal,
vida diária, lida diária, rotina,
que agora acho tão boa!
Não vejo a hora de ter aqui
amigos queridos
pra prosear sem pressa
tomar chá, comer bolo,
fazer fuxico e canção.
Assim que acabar eu conto,
se bem que, de verdade,
a reforma de dentro da gente
não termina nunca... né mes?

O título da postagem é o nome de uma canção de Moraes Moreira.
A citação inicial é atribuída ao Rei Salomão.
A foto é do Cauê.

5 comentários:

Débora Kikuti - contadora de histórias disse...

Ai, que delícia de lugar esse...amarelin que nem bolo de fubá?! Tô dentro, proseando, fuxicando, segredando...Tô fora, cantando, fuçando nas plantinhas, deixando joaninha subir na mão...catando vagalume com a mão de conchinha, se for de noite...êita coisa boa esse seu canto, que eu já gosto tanto...Falando em canto, lhe dou esse:

"Vaga-lume
Tem, tem
Teu pai tá aqui
Tua mãe também"

Canção que minha mãe cantava, catando vaga-lume na roça, de noite, dentro de vidros com furos nas tampas pra eles respirarem. A lanterna mágica de seus sonhos infantis...

Aprecio muito essa "vaidade" sua...Beijo, querida!

Mary Flower disse...

Oi, Dedé,
A vida da gente anda tão pobrinha de magia, que tem que inventar jeito, nénão? Com tinta e frô e vaga lume, se calhar... outro dia apareceu foi borboleta azul, daquelas que só tem nas cachoeiras... acredita? Passeou pela rua sem a menor cerimônia e foi se embora. Tem que voltar a magia, bora inventar!
Beijo e queijo, obrigada!

Terapeuta disse...

Diga Mary

Então que você continua a "distribuidora de sementes"?
É bem legal vir aqui e ler o simples, o belo. Eu vivo meio cercado dessa natureza que falta em tantos cantos e as vezes até esqueço do privilégio de ter uma jaboticabeira no quintal. De ouvir os canários, sanhaçu, o bem-te-vi e tantos outros. Que falta faz, às vezes. as guitarras e orgãos do Odara.
Macka

Vania Passos disse...

ô comadre, tá tão bão assim que nem vem mais pra cá? então chama que a gente vai aí ué! sódade! beijos

Mary Flower disse...

"Por isso deixo aqui meu endereço... se você me procurar eu apareço, se você me encontrar, te reconheço..."

Oi, cumadi, muitas saudades!!!
A casa tá pronta por fora e uma revolução por dentro! É claro que quero receber ocês aqui, sô!
Já tô preparando tudo pra o final de maio, que tal?
Beijos, queijos e bolo de fubá!