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omáximo
assim juntinho
parece um orixá
as palavras
paisagens sonoras
em x
desenham-se
arcaicas
ancestrais
xamã
Xangô
Oxum
herança de preto
índio
caboco: mameluco
xaréu
xerém
oxente!
assim dizer
transporta
pro sertão
pras grotas
despenhadeiro
pro olho d'água, milagre
peixe
enxada
feixe
roçado novo
lenha na cabeça
sobre o pano enrodilhado
enxame
xará
examina
estrago que fez
abelha de ferrão brabo
doído que só
xixi
exame
Oxalá
me guarde
me leve
conhecer cidade grande
omáximo!
Descobrindo os cantos escuros
tirando a poeira acumulada
no correr dos dias
Esfregando até limpar
tudo o que precisa
de água e cuidado
Abrindo a casa
pra Dona Maria entrar
aquela que zela
Colocando flor no vaso
vaso no canto
pedra em redor
Doando tudo
o que já não servia
e esperava novo dono
Preparando a casa
a comida, o aconchego
com carinho redobrado
Pra vencer o tempo
que corrói as coisas
pra abrir espaço
Que o novo chega
com esperança e brilho
quando a gente brota
Primavera flor
perfumado fruto
louvação de lar
Quando a gente se lança
no vazio
Parece que nunca mais
acaba de cair
Sonho recorrente
de quando se está crescendo
caindo... caindo...
sem fim
Após a queda
só o chão
"Do chão não passa..."
como se diz por aí
E o chão, era de se esperar
dura realidade
mas apara
ampara o sonhador
Quando a gente se lança
com propósito certo
ao descer, sorve a paisagem
ao cair, atinge o alvo
Do chão não passa...
Educadores são seres que compartilham
que repartem o próprio pão
Quem não se lembra de um só
que mudou o rumo de seu pensar?
Muitos de meus amigos
são professores
muitos, educadores
mesmo sem graduação
Companheiros na luta
de fazer chegar ao outro
a informação, e sobretudo
a formação, o caráter
Alguns na labuta diária
outros no exercício da arte
Todos em prol do comum
esquecendo de si, por vezes
Professor aprende ensinando
Como dizia o João
Desejo alegrias a todos
que possam seguir sonhando
Na dificuldade do cipó das sete
no estudo constante, livros
no ouvido pensante, concha
no ato da doação
O João a que me refiro é Guimarães Rosa.
Poucos percebem
a sabiá na calçada
catando inseto
fora de hora
A planta que cresce
sem cuidado
A fresta
na boca da cidade
O filhote de beija-flor
pia a noite todinha
ninho debaixo da lâmpada
no galho da quaresmeira
Árvore que dá flor
tão longe da quaresma
dizem que árvore
também estressa
E sai a botar flor
por todo canto
Se morrer de inanição
seus frutos ficam
Poucos percebem
os gaviões
nas torres
da Avenida Paulista
E os vampiros
celular em punho
transitando livremente
entre nós
Vania dobra papel
e na sobra do tempo
desdobra a voz:
canção
Vania Passos é a mais nova amiga de infância.
Inevitável pensar
no que o olhar
desapegado
capta
No exercício
sem trégua
de observar
sem julgamento
Não dói
nem decepciona
é apenas constatação
do que está
Nada é definitivo
Mas surpreende
compreender, de súbito
o que já sabia
A vaidade,
o ego
Sua dinâmica
em ação
O delírio
a embriaguez
seus desatinos
de auto-importância
As bolhas
de sabão,
frágeis,
explodem
O inflado, o inflamado
dá tudo no mesmo
A loucura me interessa
A vaidade, não
It's impossible
not to think
on what the eyes
unblocked see
At the observe
exercise
without rest
nor judgement
There's no pain,
nor deception,
just the notice
of what it is
Nothing is definitive,
but surprises me
to comprehend, at last,
what I already knew
The vanity,
the egoes
its dynamic
of action
The delirium,
the drunk sensation,
the madness
of selfish
The soap
bubbles
are fragile
and explode
These bubble person,
or these who burn itself
they are the same, after all
The madness interests me
Not the vanity
Do que é feita a dor:
Inflamação, corte , ferida?
De que parte do corpo vem:
Cérebro, órgão, membro?
Por que vem:
Descuido, excesso, pane?
Pra quem vem:
Obeso, frágil, desatinado?
Sofrer a dor física
é merecimento?
Momento passageiro
pra lembrar o quão humano?
Quando cutuca, fisga, sonda,
nos faz sensíveis demais
(difícil raciocinar)
é sina de ser gente?
Mas se tem dor todo animal
então não é só
nosso o destino
de doer sem trégua
Afundar no chão
ser um só com a terra
virar esponja de ar
(meditação pode ajudar)
Mas se o espinho lá está
Tem que romper pra tirar
Há que tirar
pra ter paz
Poder rir, poder falar,
só não tendo dor
sensação boa
de bicho do mato
sem remédio
sem mal
sem cura
sem igual
feliz