Me disseram que blog é vaidade
Deve ser...
Nestes tempos de pouco pão
e mais minguada poesia
a procura recorrente é por
interlocução
Inteligente, se possível...
Silenciosa, mas doce.
Volto aqui depois de tempos
contando sobre o quintal,
a casa, de novo...
Nossa casinha amarela
que nem bolo de fubá
está quase pronta.
Já tem recebido visitantes:
beija-flores, rosas,
gafanhotos verdes,
que os índios chamam tucuruvi
e a gata branca, manhosa
que requer atenção constante
e adora um cafuné.
Vela acesa na janela,
flor no vaso,
pão na mesa, quentinho.
O Espírito Santo de papel machê,
a Iemanjá cercada de frô,
mosaicos de caquinho
e duas cadeiras, ainda por terminar...
Família, âncora da gente.
Visita do pai, constante,
que vem vigiar a obra
trazendo suas ferramentas e
tapando todos os buraquinhos.
Visita da mãe, severa,
de olho em cada cantinho,
querendo organizar a vida
de gente tão desorganizada!
A confusão de pedreiro e pintor,
gente que de vez em quando some
e quando aparece, trabalha.
Os filhos, o amor,
encontrando seu espaço na confusão.
O amor fazendo seu espaço.
As formigas, joaninhas,
as folhas no quintal,
vida diária, lida diária, rotina,
que agora acho tão boa!
Não vejo a hora de ter aqui
amigos queridos
pra prosear sem pressa
tomar chá, comer bolo,
fazer fuxico e canção.
Assim que acabar eu conto,
se bem que, de verdade,
a reforma de dentro da gente
não termina nunca... né mes?
O título da postagem é o nome de uma canção de Moraes Moreira.
A citação inicial é atribuída ao Rei Salomão.
A foto é do Cauê.