Quando o vento vem rodar
Nas palhas, penas e folhas
Quando vem, carinho ligeiro
grudar poeira vermelha
nos cabelos, penas, pele
Com gaviões e urubus
a gente voa
É gente e voa
Quando o cheiro da chuva
levanta o cheiro da terra
embriaga o capinzal
Pés-de-conta pingam
brota água do barranco
a gente chapinha
Vira peixe e brilha
Se o vendaval seco bole
Se a chuva acende o brincar
O fogo, então, quem dirá?
Tupana alegre, se junta
com o velho e sábio avô
Ao pé do fogo cirandam
voz, histórias e lembranças
além do tempo e lugar
Tatá, o fogo, conhece
o que há prá conhecer
A gente acende por dentro
escuta a fala do Tempo
É brasa na escuridão