segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Guarani


Quando o vento vem rodar
Nas palhas, penas e folhas
Quando vem, carinho ligeiro
grudar poeira vermelha
nos cabelos, penas, pele
Com gaviões e urubus

a gente voa

É gente e voa


Quando o cheiro da chuva

levanta o cheiro da terra

embriaga o capinzal

Pés-de-conta pingam
brota água do barranco
a gente chapinha
Vira peixe e brilha


Se o vendaval seco bole

Se a chuva acende o brincar

O fogo, então, quem dirá?


Tupana alegre, se junta

com o velho e sábio avô

Ao pé do fogo cirandam

voz, histórias e lembranças

além do tempo e lugar


Tatá, o fogo, conhece

o que há prá conhecer

A gente acende por dentro

escuta a fala do Tempo

É brasa na escuridão

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Aos poucos


pérolas
que as quero
de volta no mar

cantos
que os desejo
sem nenhum pudor

rotas
que as invento
para sempre achar

cores
emprestadas tomo
só para compor

dúvida
tiro do bolso
pra me assegurar

dose
de atitude certa
para perceber

auto
de moléstia finda
pra revisitar

bonde
de história gasta
pra reconstruir

margem
de erro, mote
pra me distrair